Sunday, December 27, 2020

SERRA DE MONTEMURO - A MAGIA GELADA

 


Serra de Montemuro: a terceira mais alta a sul do Douro e nas palavras do historiador Amorim Girão, " a mais desconhecida de Portugal". O nosso ponto mais alto deste dia gelado de prenúncio de neve, foram os 1356m e mais de 1100 de subidas acumuladas. A distância percorrida foram 23km em rota circular....Abençoados. 




Nesta segunda incursão em Montemuro ( a primeira foi com subida ao cume pelo fabuloso Vale do Bestança) foi pela aldeia de Pereira, que desenhámos um percurso circular que nos possibilitou um sem número de descobertas e experiências que fizeram deste dia muito frio uma das caminhadas mais saborosas. 

Desde a aldeia no sopé da encosta sul até perto do cume de Montemuro, são cerca 500m de desnível. Esta subida foi logo para aquecer porque o frio era muito. Á medida que ganhamos altitude não nos cansamos de olhar para trás e para as vistas fabulosas para o Caramulo, Açor, Estrela, São Macário, a aldeia sobranceira de Picāo e o Vale do Ribeiro da Carvalhosa por onde regressaríamos. Até Gredos se podia identificar. Maravilha. 










O vento nesta fase já fazia sentir temperaturas negativas e obrigava a reforçar a proteção nas mãos e cara. Chegados ao planalto de Montemuro, o prazer de dar á sola, é enorme. O planalto estende-se por dezenas de kms. Na nossa linha traçada para visitar a bela aldeia de Gralheira, pelo caminho subimos a dois cabeços que se destacam no horizonte. Um deles, sobranceiro à aldeia, deu especial gosto porque além de ser uma subida que requer cuidados especiais, tem umas vistas lá de cima espectaculares. 


em Gralheira almoçamos na bela praia fluvial e visitamos esta aldeia onde podémos confirmar com um local, que tínhamos trepado a Fraga da Pena, e segundo as suas palavras: "não é qualquer um que sobe lá".  Pois não meu amigo, pois não. Um simpático e belo exemplar de cão de gado transmontano, escoltou-nos á saída, e lá fomos nós...

...pelos belos caminhos do planalto infinito até outra bela aldeia: Rossão. A área envolvente é muito bela. Lameiros, carvalhais, ribeiros... parece cenário de filmes. Só visto. Uma voltinha ao povoado e siga porque queremos chegar de dia. 











Rossão













Desde a Cruz de Rossão, assinalando o local de reunião do gado da transumância, começava a descida. 


Em direção á última aldeia do dia: Carvalhosa. A luz do dia entrava agora na zona mágica, e bem a propósito porque a última etapa do dia iria deixarmos de queixo caído por tanta beleza e grandiosidade.







Por caminhos assinalados nas cartas militares fomos descendo até a aldeia e depois mergulhando nessa pérola que é o Vale do Ribeiro da Carvalhosa. Seguramente um dos mais belos pedaços de Portugal que tive o privilégio de calcar. 











Já perto do fim a sombra cresce... O pano caía sobre esta aventura tão saborosa, fruto da cumplicidade de duas almas habituadas e apaixonadas. Não houve frio que arrefece-se tamanha gana de sempre descobrir novas paragens e dar a conhecer um país mágico que se eleva para lá da mundanidade das grandes zonas urbanas, plenas da ilusão de um conforto artificial e de uma medida de tempo...bem mais acelerada. 


O desejo de cá voltar ficou acendido. 

Abraço ao cúmplice habitual o Alberto Pereira, e às "nossas" mulheres. 




Como nota final, reafirmo, que a quantidade de trilhos belíssimos construídos pelos antigos, merecia preservação e respeito. Ao invés disso sagra a moda de: o meu passadiço é maior que o teu, ou pontes suspensas a bater recordes. Estes trilhos estão bem integrados na paisagem, contém história e sāo um prazer de calcorrear. Neste dia foram abundantes e entre os mais belos que conhecemos. 

Quanto às eólicas. Acabem lá com isso logo que possam e devolvam estes santuários à sua maior dignidade. Disse.  





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